sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

RIO de SANGUE Parte III: Revolução

Os negócios prosperarão, ao cabo de algumas décadas eram mais de trinta charqueadas movimentando somas consideráveis. Formando uma sólida economia que fazia a classe dos charqueadores homens poderosos. Sentindo-se desfavorecidos pelas leis federais começam a ter idéias políticas dissidentes. Impostos considerados excessivos criavam revolta, as negociações com o governo imperial eram insatisfatórias, o estado de tensão cresceu até o rompimento e declaração de guerra em 20 de setembro de 1835.
Para declarar guerra ao império, os revoltosos formaram um exercito juntando tropas de generais do exercito que aderiram a causa, formam assim o "exercito farroupilha", liderados pelo Gen. Bento Gonçalves, lutam por um país independente.
Entre esses generais está Antônio de Souza Netto abolicionista convicto, não só coloca a libertação dos africanos como um dos "ideais farroupilha", como sugeriu que esses lutassem ao seu lado. A sugestão não é aceita no primeiro momento, mas Netto deixa a cargo do Cel. Teixeira Nunes a formação do 1° batalhão de Lanceiros Negros, caso a necessidade mudasse a idéia dos demais generais. E foi no dia 4 de outubro de 1836 depois da "Derrota de Fanfa" em que em que o exercito farroupilha teve varias baixas incluindo a prisão de Bento Gonçalves, que os Lanceiros Negros entraram definitivamente no combate estendendo a guerra por mais nove anos.
A participação decisiva dos Lanceiros como ressalta Garibaldi em sua biografia escrita por Alexandre Dumas fala em "soldados de uma disciplina espartana, que com seus rostos de azeviche e coragem inquebrantável, punham verdadeiro terror ao inimigo".
Lutavam por liberdade, não por divisas e impostos, e no dia 14 novembro de 1844 foram traídos no mais lamentável episódio desta guerra conhecido como "O Massacre de Porongos".
1100 guerreiros negros foram desarmados e deixados no Cerro dos Porôngos para uma emboscada previamente acertada com o Exercito Imperial. Conforme o combinado a chacina poupou apenas os brancos e índios, pois essa gente ainda poderia ser útil.
Livres da questão abolicionista finalmente os "Farrapos" poderam assinar a PAZ chegado a um acordo econômico conveniente.



"Eram desgraçados, sim, eram pobres, eram maltrapilhos, aqueles guerreiros que, para não morrer de fome, contentavam-se com um bocado de carne crua; acampavam e dormiam ao relento, com a face voltada para as estrelas; não tinham dinheiro, nem uniforme, e não podiam renovar as botas e os 'ponches' que o pó da estrada, as balas, as cutiladas, as chuvas estraçalhavam e apodreciam; [...] prezavam seu nome de Farrapos, e tinham orgulho de sua pobreza: [...] eram mais ricos assim, possuindo apenas o seu cavalo, a sua garrucha, a sua lança e a sua bravura [...]."
Olavo Bilac


” Este corpo de lanceiros na sua maioria de negros libertos pela república, e escolhidos entre os melhores domadores de cavalos da província, tinha unicamente os oficiais superiores brancos...(...)...As suas lanças que eram maiores do que de ordinário, os seus rostos pretos como azeviche, os seus robustos membros e a sua perfeita disciplina, tornava-os o terror dos inimigos”
GARIBALDI

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